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AMO SÃO VICENTE | Amor pela primeira.

Um tsunami destrói a primitiva vila

Um tsunami destrói a primitiva vila

Um tsunami destrói a primitiva vila
E as autoridades realizam o primeiro salvamento subaquático no Brasil

 

Onda gigante, provocada pelo deslocamento repentino do solo no fundo do mar, o temido tsunami também ocorreu no litoral brasileiro, arrasando a primitiva vila de São Vicente. Algum tempo depois, os vicentinos, já em novo lugar, realizaram o primeiro serviço de salvatagem subaquática em terras brasileiras, quiçá americanas, para recuperar objetos como os sinos de sua igreja.

 

A história foi publicada no caderno especial São Vicente do jornal santista A Tribuna, em 22 de janeiro de 2005 (um mês depois que um tsunami varreu diversos países do Sudeste Asiático e da África Oriental, matando mais de 160 mil pessoas):

 

Quadro do pintor Carlos Fabra retrata avanço do mar sobre a vila Imagem publicada com a matéria

 

TRAGÉDIA
Onda gigante encobriu parte da Vila de São Vicente

 

Primeira Igreja Matriz e Pelourinho ficaram submersos depois da ação da Natureza

Por volta de 1541, uma grande onda avançou sobre a Vila de São Vicente, encobrindo parte de sua área e deixando submersa a primeira Igreja Matriz e o Pelourinho. O fato histórico é narrado por Frei Gaspar da Madre de Deus, segundo a historiadora Wilma Therezinha Fernandes de Andrade.

 

Ela explica que em 1797, o historiador beneditino, autor da obra Memórias para a História da Capitania de São Vicente, escreveu sobre a Vila: “…foi, porém, muito breve a duração de seus edifícios porque tudo levou o mar”.

 

A historiadora adverte, no entanto, que o documento não menciona vítimas nem a data exata do desastre. Segundo ela, lendo as atas da Câmara de São Vicente, Frei Gaspar informa que a invasão do mar ocorreu em 1541, pois em 1º de janeiro do ano seguinte, a Câmara reuniu-se na Igreja de Nossa Senhora da Praia, o que se repetiu em 1º de março “por ter o mar levado às casas do concelho”.

 

De acordo com Wilma, as pessoas, com medo de nova invasão do mar, reconstruíram a Vila longe da praia. “O governo local providenciou, em 1543, o resgate do que foi possível”.

 

Gastos – A Câmara teve de gastar 620 réis para fazer o primeiro salvamento subaquático de que se tem notícia no Brasil, e talvez das Américas, conforme a historiadora.

 

“O governo mandou retirar do fundo do mar o pelourinho de pedra, os sinos da Matriz, objetos caros que valia a pena salvar. Hoje, o pelourinho, relíquia da História do Brasil, encontra-se no Museu Paulista, no Ipiranga (na Capital)”.

 

Dentre as providências para manter a vila, segundo relata a historiadora, a Câmara chama para São Vicente, em 1542, os moradores do Campo de Piratininga, para se defenderem dos freqüentes ataques dos indígenas.

 

“Isso demonstra que a vila vicentina ficara despovoada, com pouca gente para a sua defesa. A invasão marítima afugentou os moradores de São Vicente, com receio de novo avanço do mar”, ressalta Wilma.

 

Explicação – Embora existam poucos relatos sobre o acontecimento, o oceanógrafo André Luiz Belém, professor da Unimonte, explica que é possível ter havido um pequeno tremor na costa da Vila de São Vicente.

 

Esse tremor, segundo ele, poderia ter ocasionado um deslocamento de camadas de sedimentos, o que fez com que o mar recuasse e depois voltasse, formando uma grande onda.

 

“Esse é um fenômeno raro de se identificar. Em 1998, houve um que provocou uma onda de dez metros. Na época, o que intrigou os pesquisadores foi que a onda era muito grande para um tremor tão pequeno”, diz o oceanógrafo.

 

Ainda segundo Belém, outro fator apontado foi que o tremor havia ocorrido muito distante do local onde se formou a grande onda. “Depois de vários anos de estudo, em 2001 ou 2002, eles chegaram à conclusão de que uma camada de terra teria deslizado com força suficiente para formar a imensa onda”.